Retiro

Autoconhecimento

Este retiro tem duração de três noites e três dias e compreende estudos e práticas do livro Autoliberação. Sempre que possível, recomenda-se realizá-lo no Centro de Trabalho de um de nossos Parques de Estudo e Reflexão.


Requisitos: uma sala ou quartos que possam ser escurecidos com mesas para os trabalhos em grupos. Velas, chumbo (vários quilos), uma panela de 2 litros, algodão suficiente para o trabalho em grupos e várias folhas de cartolina preta.

A chegada no centro deve acontecer na tarde do dia anterior ao início para preparação do âmbito.

 

Jantar

Explicações sobre o plano do retiro, a tônica, a definição das funções (diretor, participantes).

(Tempo livre)

Ao concluir o dia, sugere-se colocar o caderno ao lado da cama para anotar os sonhos. Sugere-se dormir 7 horas e define-se o horário para o café da manhã.

 

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Dia 1
Café da manhã

(Tempo livre)

 

Comentários sobre o trabalho a realizar

Leitura de Tensões, climas e características e Origem dos climas, no Vocabulário do livro Autoliberação. Ler, também, sobre Tons, climas, tensões e conteúdos em Psicologia I, Apontamentos de Psicologia, Obras Completas II.

 

CLIMA. 1) Ver tensões.

                  2) Assim designamos o pano de fundo emotivo, onde, caindo nesse campo, qualquer objeto adquire as características desse pano de fundo, ou estado de ânimo. Os climas podem ser situacionais ou fixar-se no psiquismo e perturbar a estrutura completa, impedindo a mobilidade para outros climas apropriados. Os climas fixados circulam pelos diferentes níveis, subtraindo liberdade operativa à consciência.

 

                  CLIMAS, características dos. a) escapam a um controle voluntário; b) seguem o sujeito mesmo depois de encerrada a situação que os motivou (os não situacionais), causando o arreste deles pelo tempo e pelos níveis; c) traduzem-se de modo difuso e totalizador por corresponderem a impulsos cenestésicos não-pontuais; d) às vezes, o mecanismo de tradução dos impulsos opera produzindo imagens que correspondem ao clima, dando-se a correspondência entre clima e imagem ou tema; e) às vezes, não são acompanhados por imagens visualizáveis, registrando-se o clima sem imagens, ainda que na realidade exista sempre imagens cenestésica e localização dela de modo difuso e geral, no espaço de representação. Isso perturba e mobiliza as atividades dos centros, especialmente dos instintivos, já que do clima surgem as imagens que se lançam sobre os centros, provocando sua atividade.

 

                  CLIMAS, origem dos. Podem; a) estar em sentidos internos; b) atuar a partir da memória e mobilizar registros; c) atuar a partir da consciência, especialmente em sua atividade imaginária. Há casos de associação do impulso de sentidos internos cenestésicos com situações de percepção externa, ou com memória, ou de sentidos externos que mobilizam registros cenestésicos gravando-se ambos na memória, ou por associações de impulsos de sentidos externos, internos ou memória com elementos imaginários, evidenciando-se assim o encadeamento sentidos-memória-consciência como indissolúvel, não-linear e estrutural.

 

 

Tons, climas, tensões e conteúdos

 

Os tons podem ser considerados a intensidade energética. As operações em cada nível podem ser efetuadas com maior ou menor intensidade (com maior ou menor tom). Há vivências que podem se manifestar com maior ou menor intensidade conforme o tom predominante e, em certas ocasiões, podem ser alteradas por este, convertendo-se em fator de ruído.

 

Os climas são estados de ânimo que, por sua variabilidade, aparecem intermitentemente e podem cobrir a consciência durante certo tempo, tingindo todas as atividades do coordenador. Em certas ocasiões, os climas correspondem às operações que se efetuam e acompanham concomitantemente o coordenador sem perturbá-lo, facilitando, nesse caso, seu trabalho.

 

Quando isso não acontece dessa forma, provocam ruído. Esses climas podem se fixar no psiquismo e perturbar a estrutura completa, impedindo a mobilidade e facilidade de deslocamento dos climas oportunos. Os climas fixos circulam pelos distintos níveis e, assim, podem passar da vigília ao sono, continuar ali e voltar para a vigília durante longo tempo, subtraindo liberdade operativa do coordenador. Outro tipo de clima é o situacional, que aparece entorpecendo as respostas adequadas a determinada situação.

 

As tensões têm uma raiz mais física, mais corporal, já que é o sistema muscular o que intervém, sendo na musculatura onde se tem o registro mais direto delas. A vinculação com o psiquismo nem sempre é direta, já que o relaxamento muscular não é acompanhado diretamente por um relaxamento mental, e a consciência pode continuar com tensões e alteração depois que o corpo já tiver conseguido relaxar. Essa diferença entre tensões psíquicas e físicas permite distinções operativas mais precisas. As tensões psíquicas estão vinculadas às expectativas excessivas nas quais o psiquismo é levado a uma busca, a uma “espera de algo” que proporciona fortes tensões.

 

Os conteúdos mentais aparecem como objetos formais de consciência, são formas compensatórias que a consciência organiza para responder ao mundo. Aparece, assim, a correspondência (ou não) entre as atividades ou necessidades do psiquismo e os conteúdos que aparecem no coordenador. Se estiver sendo efetuada uma operação matemática será oportuna ali a representação numérica, mas uma figura alegórica resultará inoportuna e atuará como ruído e como foco de distração. Todos os fatores de ruído, além de entorpecer o trabalho, costumam provocar desorientação e dispersão de energia. Os conteúdos de consciência, enquanto atuam em seu nível de formação, têm uma significação de importância para o coordenador, mas, ao saírem de seu nível formal característico, entorpecem as tarefas de coordenação.

 

Também são de grande utilidade os registros dos estados calmos em vigília, já que conseguem restabelecer a normalidade do fluxo de consciência. No caso dos climas que se fixam, há uma operatória para transferir esses climas de suas imagens correspondentes para outras de menor importância para a consciência. Desse modo, os climas podem ir perdendo fixação, diminuindo a perturbação vigílica. Em síntese: os quatro tipos de vivências que mencionamos acima, enquanto tiverem adequação às operações do coordenador, são fatores favoráveis; quando são inadequados por não corresponderem a tais operações, acabam sendo fatores de ruído e distração, alterando o psiquismo.

 

 

No que se refere ao trabalho sobre análise de situação atual, tensões e climas, sugere-se descrever com atenção o que acontece consigo nos diferentes âmbitos, incluindo a Organização  social ou qualquer grupo que você participe.

Descrever é definir com sinceridade interna aquilo que acontece consigo, sem julgar ou buscar justificativas.

Depois da descrição, definem-se os climas e as tensões; ao final, faz-se uma síntese.

 

 

Análise de Situação, Tensões e Climas

 

Pergunte a si mesmo: Em que situação eu estou vivendo? Responda-o, porém ordenadamente. Descreva com clareza sua situação, em função de: idade, sexo, trabalho, lar saúde e amizade. Em todos esses casos, destaque as tensões mais desagradáveis que sente.

 

Considere, agora, em que "climas" mentais você vive. Entenda por "climas" as sensações mais globais e, às vezes, mais irracionais. Por exemplo: Clima de desamparo, de violência, solidão, injustiça, opressão, insegurança, etc. Avance um pouco mais. Se descreveu com clareza sua situação atual em função de idade, sexo, trabalho, etc. e identificou em cada caso as respectivas tensões, faça o mesmo com os climas.

 

Discuta tudo que descobriu com os demais participantes e disponha-se a realizar o seguinte exercício:

 

EXERCÍCIO no  1

 

                  Abra vários itens em seu caderno, assinalando sucessivamente as situações vitais e, ao lado de cada uma delas, faça considerações muito breves e precisas. Uma vez completado o quadro, sintetize como neste exemplo, aliás totalmente arbitrário:

 

                  Idade: 50 anos. Irritação em relação a perda gradual de energia. Temor de perder o atual trabalho. Desolação frente ao futuro. Reconciliação pela experiência adquirida. Frustração por não ter aproveitado numerosas oportunidades, etc.

                  Sexo: Feminino. Visão desapaixonada do matrimônio. Tensão para conseguir que os filhos façam o que eu não pude fazer. Clima de necessidade de apoio indefinido, talvez de meu marido, etc.

                  Lar: Casa sem intimidade, devido às amizades dos meus filhos e de meu marido. Necessidade de viver mais distanciado do centro urbano. Clima de asfixia que se justifica pelo problema da poluição. Horror à contaminação e à sujeira, etc.

                  Saúde: Sou a mais forte da família e isso fera em mim tensão por ter maiores responsabilidades para com os demais. Inconcebível sentimento de culpa pela fragilidade dos outros. Temor por uma enfermidade fatal e pela sensação de falta de apoio no caso de tal enfermidade. Ambivalência, etc.

                  Amizades: Poucas, salvo as dos outros membros da família, as quais acho criticáveis. Reuniões formais com membros da empresa. Participação fria com alguns conhecidos em certos atos religiosos: matrimônios, falecimentos, etc. Aversão pelas reuniões de aniversário ou ano novo. Clima de nostalgia, causada pela lembrança das amizades perdidas da juventude, etc.

                  Síntese:  Irritação comigo mesma por não haver conseguido outro tipo de vida, Tensões causadas pela falta de reconhecimento por minha pessoa. Clima de temos ao futuro, de solidão, de enclausuramento. Desespero e confusão de sentimentos ou imaginar uma enfermidade fatal. Conformidade pela experiência adquirida e por algumas realizações. Quisera superar o ressentimento em relação a muitas coisas e pessoas do passado. Necessidade de dissipar o temor ao futuro que é cada dia maior, etc.

 

                  Realizado o exercício e feitas as devidas anotações, atente para os resultados de cada situação e formule propósitos úteis. Observe que não é lutando contra os fatores negativos, e sim ampliando os positivos que descobriu, a melhor forma de fazer evoluir sua situação

 

Trabalho em equipe: em grupos de três; ao realizar um intercâmbio sobre ex- periências, entende-se melhor o trabalho e, além disso, compreende-se que os problemas não são tão “pessoais” como se costuma acreditar.

Trabalho individual: Autoliberação, Autoconhecimento, Lição 1.

(Tempo livre)

Comentários sobre o trabalho a realizar

Leitura de Papéis, erros e função dos papéis, no Vocabulário do livro Autoliberação.

                  PAPÉIS, erros dos. a) de seleção de papéis; b) utilização de um papel antigo num meio novo, produzindo uma conduta desajustada ao estímulo.

 

                  PAPÉIS, função dos. Tendem a conseguir menor resistência no meio, codificando-se conforme a aprendizagem pelo sistema acerto-erro, dando lugar a respostas típicas ou atípicas, segundo se adapte, ou não à situação ou ao normal aceito, podendo, em ambos os casos, produzir-se uma adaptação crescente ou decrescente. A imagem compensatória do núcleo de devaneios, ao mesmo tempo que dá uma resposta geral às exigências do meio, compensa as deficiências e carências básicas do sistema de papéis.

 

 

 

No que diz respeito ao sentido do papel, dá-se exemplos de seu significado alegórico (vestimentas, fantasias, etc.) na vida cotidiana, na história ou na lite- ratura. Destaca-se que, para descrever um papel, é necessário um ponto de vista externo, como uma câmera sempre presente que registra todo o comportamento nos diferentes âmbitos.

Também nesse caso não se trata de justificar o que ocorre consigo ou explicar as motivações internas; trata-se de descrever isso que aparece de fora.

Concluem-se os dois trabalhos estabelecendo e tomando nota das relações entre os papéis e a situação atual.

 

Trabalho em equipe: em grupos de três. Com o intercâmbio das experiências, entende-se melhor o trabalho e, além disso, compreende-se que os problemas não são tão “pessoais” como se costuma acreditar.

Trabalho individual: Autoliberação, Autoconhecimento, Lição 3. Almoço
(Tempo livre)
Comentários sobre o trabalho a realizar

 

Quanto ao círculo de prestígios, aconselha-se defini-lo rapidamente. Após um breve momento, revisar o ordenamento e verificar se tem “encaixe”. Se não tiver, fazer os ajustes necessários até experimentar que a escala de valorações é coe- rente. Concluir, estabelecendo relações entre prestígios, papéis e situação atual.

 

No trabalho com a imagem de si, não se deve focar nas possíveis características compensatórias das qualidades que cada qual se atribui, porque desse modo se tende à censura. Explica-se que se trata apenas de listar as qualidades positivas e ordená-las por descarte. Concluir, estabelecendo relações entre imagem de si, círculo de prestígios, papéis e situação atual. Se cada trabalho for realizado com soltura, no momento de relacionar os diferentes exercícios, será possível descobrir e compreender com maior profundidade aquilo que cada um necessita.

 

Papéis

 

                  Não comece esta lição se ainda não completou seus estudos biográficos. Agora, examinaremos os "papéis" que cada pessoa deve representar nas diversas circunstâncias da vida diária. Tais "papéis" são importantes, porque permitem economizar energia (já que são sistemas codificados de comportamento) e facilitam a adaptação ao meio social.. Às vezes, estes papéis estão mal configurados ou não dispomos de papéis adequados para situações novas. Finalmente, pode haver confusão de papéis, quando assumimos o comportamento próprio de uma situação em outra bem diferente.

 

                  As pessoas muito jovens dispõem de poucos papéis, ao passo que as pessoas de mais idade podem ter deles um bom repertório, muitos dos quais, porém, podem estar mal configurados ou confundidos nas diversas situações. Em todo caso, o ajuste de papéis exige um trabalho muito persistente, por terem esses comportamentos criado já profundas raízes ao longo do tempo, graças à repetição.

 

                  Quando você tiver completado o estudo de seus papéis, será conveniente que revise o exercício da lição 16 e estabeleça relações que lhe permitam obter maior compreensão a respeito de sua situação e de seu comportamento como resposta a ela. O papel de professor, por exemplo, não nos diz muito, a menos que se explique a maneira como ele é desempenhado: se é um bom ou um mau professor, se tem comportamento despótico ou amável; se é persuasivo, exigente ou complacente, etc.

 

                  Acontece, por fim, que, apesar dos diferentes papéis que desempenhamos na vida diária, todos eles podem ser reduzidos a uma certa atitude básica, que explica, em grande parte, porque alguns deles estão mal delineados, outros estão confundidos e outros são tão difíceis de dominar. Essa atitude básica deve ser determinada ao encerrar este trabalho, e de certa forma, como síntese do mesmo.

 

Exercício no 3

 

                  Apresentaremos o exercício em forma de exemplo para que o estudante possa utilizá-lo ao trabalhar  com seus próprios dados.

 

            Trabalho: Papel de chefe enérgico, etc.

            Papel de subordinado conduzido com cautela, etc.

            Lar:  Papel de pai severo, parecido com o de chefe no trabalho, etc.

            Amizade: Papel de chefe com as amizades de menor "status".

            Papel de conselheiro com os de maior "status", etc.

            Sexo oposto: Papel de jovem despreocupado, etc.

            Situações novas: Papel de observador silencioso e de crítico mordaz.

            Situações difíceis: Papel de dirigido, nunca de dirigente, etc.

            Atitude básica: Segurança mal compensada. Temor ao questionamento. Desvio dos questionamentos por meio de atitudes sedutoras.

 

                  Deve-se deduzir a atitude básica doas coincidências na forma de desempenhar os papéis. Deve-se também explicar em que casos aparecem os papéis mal configurados, confundidos, e outros para os quais não dispomos de respostas.

                  Por último, será necessário comparar esse trabalho com o exercício no 1. Não deixe de anotar em seu caderno todas as observações do caso.

 

Trabalho em equipe: em grupos de três; com o intercâmbio das experiências, entende-se melhor o trabalho e, além disso, compreende-se que os problemas não são tão “pessoais” como se costuma acreditar.

Trabalho individual: Autoliberação, Autoconhecimento, Lições 4 e 5. (Tempo livre)

 

Círculos de Prestígio

 

                  A determinação dos prestígios tem importância, porque explica que tipo de valorização faz cada pessoa das situações em que vive, e que posição procura conseguir nesse sistema de valorização. Se, por exemplo, o valor mais importante para alguém for o da "amizade" e o de menor importância o do "saber", poderia realizar uma escala de prestígios na qual os dois valores mencionados estariam nos extremos, e, os demais, seriam distribuídos gradativamente entre os dois.

 

Exercício no 4

 

                  Realize sua escala em círculos concêntricos. No menor (que é o mais importante), coloque o prestígio de maior valor; no maior, o de menor interesse. Exemplo:

 

 

                  Os valores colocados no exemplo serão modificados de acordo com suas apreciações. Quando tiver alguma dúvida na escolha entre dois prestígios, imagine qual lhe causaria maior problema no caso de falhar; esse será, então, o mais importante.

                  Recomendamos realizar várias vezes este exercício, modificando a ordem dos prestígios, imagine qual lhe causaria maior problema no caso de falhar; esse será, então, o mais importante.

                  Recomendamos realizar várias vezes este exercício, modificando a ordem dos prestígios (ou colocando outros novos), até concluir que a estrutura está correta. Uma vez concluído o exercício, coteje-o com a análise 0de sua situação atual (exercício no 1), e com o estudo de papéis (exercício  no 3). Aí começarão a surgir relações, nas quais coisas aparentemente diferentes obterão unidade, esclarecendo muitos aspectos de sua conduta, de suas contradições atuais, e proporcionando-lhe, também uma nova perspectiva para fortalecer seus aspectos positivos.

                  Procure sempre discutir as relações estabelecidas com os outros participantes.

 

Imagem de Si mesmo

 

                  Uma coisa é a imagem, a impressão que se deseja causar nos outros(e isso aparece de maneira sensível na forma em que se interpretam os papéis), e outra coisa é a impressão, a imagem que se tem de si mesmo.

                  É como perguntar-se: "Que penso eu sobre minha pessoa?". Lembre-se: essa pergunta é bem diferente desta outra: "Qual é a impressão que eu desejo causar nos outros?" A melhor forma para compreender a imagem que se tem de si mesmo consiste em eliminar hipoteticamente alguma aptidão ou posse e avaliar que problema lhe traria tal coisa. Dessa forma, poderemos constatar que a imagem de si mesmo tem fortes cargas compensatórias, que funcionam assim para proporcionar certa segurança na vida. A imagem de si mesmo é de importância para a auto-afirmação, mas deve-se compreender que sua raiz, às vezes, tem por base carências ou defeitos compensados imaginariamente.

 

 

Exercício no 5

                 

                  Pergunte-se: "Quanto a qualidade, qual seria para mim a maior perda? “Ao que se responderá, por exemplo; "ou o saber, ou a inteligência, ou a beleza, ou a saúde, ou a bondade, ou a sensibilidade, etc.?".

                  Conhecendo o sistema de trabalho, organize uma escala em círculos concêntricos, como na lição anterior, colocando no círculo menor a qualidade mais importante e, a seguir, hierarquicamente, as de menor relevância.

                  Certamente, você terá que modificar parcial ou totalmente a ordem e as qualidades que figuram no exemplo abaixo.

 

 

                  Realizado o exercício, pergunte a si próprio se de fato você está se esforçando para aperfeiçoar essas qualidades que tanto aprecia.

                  De acordo com as suas respostas, você terá uma interessante medida da sua conformidade ou insatisfação com a imagem de si mesmo.

                  Compare este exercício com o no 4, estabelecendo correspondências entre a imagem de si mesmo e seus círculos de prestígio. Veja as relações, constate como compensa suas deficiências e discuta todo o trabalho com os outros participantes.

                  Quando terminar sua tarefa, anote no caderno resoluções ou sugestões com o propósito de corrigir ou melhorar a imagem de si mesmo.

 

 

Jantar
Comentário sobre o trabalho a realizar

O trabalho a seguir começa esta noite e continuará amanhã de manhã, até o almoço.

 

Trabalho individual

 

Autobiografa. Exposição geral com base nos seguintes parâmetros: acidentes, repetições, mudanças de etapa.

 

Resumo e síntese do primeiro dia

Antes de terminar o dia, cada participante dedica-se a resumir e sintetizar o que foi realizado, com relação a aprendizagem, impedimentos, descobrimentos (o que não sabia), compreensões (o que entendi por experiência), projeções (o que necessito fazer de hoje em diante).

 

Trabalho individual: Autoliberação, Autoconhecimento, Lição 2. Fim do dia
Dia 2
Café da manhã

(Tempo livre)

 

Comentários e intercâmbio

Intercâmbio sobre o trabalho de autobiografia, que favoreça a superação de impedimentos.

Destaca-se que, neste estudo autobiográfico, ordena-se um pouco as lembranças significativas de numerosos fatos ocorridos na própria vida. Considerando os acidentes, as repetições e as mudanças de etapa ocorridas em diversos momen- tos, consegue-se ter uma visão geral de processo da própria vida, sem estudar a situação, o contexto, a paisagem cultural em que cada um se formou. Este é um tema de suma importância pelo “arraste” de condutas que essa paisagem implica e é tema de um retiro dedicado ao que chamamos de paisagem de formação, tratada no Epílogo do livro Autoliberação.

Portanto, é recomendável realizar o trabalho com calma interna, amabilidade e humor. Para resgatar esses registros, guia-se uma experiência de paz.

 

Trabalho individual: Autobiografia
Segue o desenvolvimento geral com base em acidentes, repetições, mudanças

de etapa.

 

Almoço

(Tempo livre)

 

Trabalho individual: Conclusão da autobiografia

(Tempo livre)

 

Resumo e síntese pessoal

Buscar as relações significativas entre a situação atual (tensões e climas), papéis (códigos de conduta), prestígios (valores), imagem de si (qualidades) e a própria história pessoal (autobiografia), reconhecendo o jogo das compensações.

 

Jantar
Introdução a devaneio e núcleo de devaneio

Leitura da lição 6 do curso de Autoconhecimento até o exercício 6 (inclusive). O proposto nesse exercício é praticado até o final do retiro.

Passa-se à fundição do chumbo: coloca-se o chumbo em uma panela e esta no fogão da cozinha. Uma vez fundido, o chumbo ocupará um pouco mais que o espaço ocupado por um litro d’água. Enche-se um balde com água e se joga o chumbo na água (não todo ao mesmo tempo, porque necessitamos várias peças, uma para cada mesa). O chumbo esfria de imediato, adquirindo formas sugesti- vas aptas para os exercícios.

 

Trabalho individual: Autoliberação, Autoconhecimento, Lição 6. (Tempo livre)

 

Devaneios Secundários, Primários e Núcleo de Devaneios

 

                  Com certeza, você já notou que há momentos durante o dia em que parecemos estar sonhando acordados. Quando se tem forme, às vezes se "sonha" acordado com determinados alimentos. Isto é válido quase sempre que se apresenta, necessidades ou desejos, bem como em outras circunstâncias que comentaremos mais adiante. Chamaremos tais "sonhos" de "devaneios".

                  Geralmente, os devaneios servem para compensar carências ou resolver dificuldades imaginariamente. Com isso, produz-se uma momentânea diminuição das tensões desagradáveis.

                  Pois bem, quando se trata de dificuldades momentâneas (como no caso da fome e no devaneio dos alimentos), dizemos que atuam devaneios compensatórios secundários, situacionais. Mas se a forme for para alguém algo continuado, ou, então, se por força da situação econômica, a fome se apresentar para alguém como uma ameaça cotidiana, tais devaneios de alimentos passam a ser primários.

                  Neste nosso estudo, trataremos dos devaneios primários, uma vez que tendem a dirigir muitas de nossas atividades, ao mesmo tempo que contribuem para a descarga de tensões permanentes.

                  A melhor forma de pesquisar os devaneios primários consiste em prestar atenção a essas imagens, a essas divagações, que se formam quando estamos para dormir ou para despertar, isto é, no nível de consciência conhecido como de "semi-sono". Essas imagens também aparecem, e são de fácil percepção, no nível de "vigília", quando estamos acordados, mas experimentamos uma sensação de cansaço. A percepção dos devaneios primários durante o sono são os mesmos devaneios primários e às vezes são devaneios secundários, situacionais (compensações de sede, fome, calor, posições incômodas do corpo, etc.). Existem outras formas de efetuar estas pesquisas, e são as que vamos propor a seguir como exercícios.

 

Exercício no 6

 

                  Tome nota das imagens ou dos devaneios que se repetem amiúde em semi-sono ou em vigília, quando se encontra cansado.

 

                  O núcleo de devaneio pode determinar as atividades básicas de uma pessoa, durante longo tempo, através de imagens (devaneios primários) que surgem para compensá-lo. De forma inversa, quando por mudança de etapa vital (infância, juventude, etc.), ou por modificação abrupta de situação, se altera o núcleo de devaneio, o mesmo ocorre com os devaneios primários compensatórios e, com isso, modifica-se a direção das atividades do ser humano.

                  Há pessoas cujo núcleo (clima mental básico) fixou-se em uma etapa muito primária de sua vida, tornando-as portadoras: de traços próprios de outra época, distante da que devem realmente viver. Ao contrário, uma atitude quase oposta à que conhecíamos, podemos inferir que desapareceu um núcleo e surgiu outro diferente em substituição. Conseqüentemente, modificou-se seu sistema de devaneios primários e, portanto, sua conduta e enfoque da realidade.

                  O correto estudo desta lição, e o trabalho com os exercícios que nela são propostos, são de fundamental importância. Muitas descobertas feitas aqui permitirão estruturar de modo coerente as conclusões obtidas nas lições anteriores.

                  Convém, agora, voltar a atenção para a biografia e averiguar em que momento da vida se produziram mudanças de núcleo, que, necessariamente, se traduziram em profundas mudanças de etapa.

 

 

Encerramento do dia

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Dia 3

Café da manhã

 

Estudo em grupos de três

Psicologia I, Silo, Obras Completas II – Cada grupo estuda os seguintes subtítulos para depois expô-los sintética e graficamente ao conjunto (1 hora para estudar e 10 minutos para expor, aproximadamente):

Ciclos do psiquismo
As respostas ao mundo como compensações estruturadoras Personalidade

 

Leitura e comentários

Psicologia II, Obras Completas II. Tudo relativo a Níveis de trabalho da consciência. Devaneios e núcleo de devaneio.

 

B. Ciclagem do psiquismo

O psiquismo humano, de notável complexidade, tem como antecedentes outras formas orgânicas condicionadas pelos macrociclos da natureza, como as estações e a passagem do dia para a noite. Numerosas variações modificam as condições internas e externas do psiquismo.

 

Há variações de temperatura, de luminosidade e também variações climatológicas de cada estação. Todos os organismos sofrem maior ou menor determinismo dos ciclos naturais. O ser humano não está tão condicionado, como as outras espécies, à ciclicidade orgânica, e seu psiquismo alcança modificações e uma independência cada vez maiores. Um caso muito claro é o exercício do sexo que, diferentemente das outras espécies, torna-se independente dos ciclos estacionais.

 

Nos mecanismos de consciência há distintos ritmos, como mostram diversas descargas bioelétricas refletidas no eletroencefalógrafo. Os centros têm seu ritmo particular e os níveis de consciência evidenciam seus ciclos de trabalho. Quando a vigília cumpre com seu tempo de trabalho diário, “diminui” sua atividade e se começa a entrar no período de sono. Assim, o período de sono compensa o período de trabalho vigílico. Na mecânica dos distintos níveis de consciência, operam as ciclagens do metabolismo e os ritmos vegetativos em geral.

 

O ciclo maior do ser humano é dado pelo tempo vital, que vai se completando ao passar pelas distintas etapas existenciais: nascimento, infância, adolescência, juventude, primeira e segunda maturidades, velhice, ancianidade e morte. Em cada etapa há transformação do psiquismo conforme as necessidades orgânicas, conforme os interesses, conforme as possibilidades que o meio oferece, etc. Finalmente, os ciclos e ritmos psicossomáticos mostram modificações importantes, de acordo com as mudanças de direção que ocorrem nos momentos de surgimento e desgaste de cada etapa vital.

 

C. As respostas ao mundo como compensações estruturadoras

 

A consciência frente ao mundo tende a compensá-lo estruturadamente mediante um complexo sistema de respostas. Algumas respostas chegam ao mundo objetal diretamente (expressadas através dos centros), mas outras ficam na consciência e chegam ao mundo indiretamente por alguma manifestação de conduta. Essas compensações da consciência tendem a equilibrar o meio interno em relação ao externo. Tal vinculação se estabelece por exigências, encontrando-se o indivíduo urgido a responder a um mundo complexo: natural, humano, social, cultural, técnico, etc. Surge o “núcleo de devaneio” como uma resposta compensatória importante e os “devaneios secundários” como respostas particulares a essas exigências. Os devaneios são visualizáveis como imagens, mas não o núcleo, que se percebe como um clima alusivo, enquanto vai se conformando com o tempo e vai ganhando poder de direção das tendências, das aspirações pessoais. Na etapa de desgaste do núcleo de devaneio, quando deixa de dirigir o psiquismo, podem-se observar as formas e imagens que foram adotadas por ele. Por isso, o núcleo é mais fácil de registrar tanto no começo quanto no final de seu processo, mas não em sua etapa média, que é aquela na qual mais dirige a atividade psíquica. Dá-se o paradoxo de que o ser humano não percebe aquilo que mais determina sua conduta: o núcleo, operando como pano de fundo que responde de maneira totalizadora às múltiplas exigências da vida cotidiana.

 

O núcleo de devaneio rege as aspirações, ideais e ilusões que vão mudando em cada etapa vital. Com essas mudanças ou variações no núcleo, a existência se orienta em outras direções e, concomitantemente, ocorrem mudanças na personalidade. Esse núcleo se desgasta individualmente, como se desgastam os devaneios epocais que dirigem a atividade de toda uma sociedade. Enquanto o núcleo, por um lado, dá uma resposta geral às exigências do meio, por outro, compensa as deficiências e carências básicas da personalidade, imprimindo determinada direção à conduta. Pode-se ponderar essa direção conforme se encaminhe ou não na linha da adaptação crescente. Os devaneios e o núcleo imprimem na consciência sua sugestionabilidade, produzindo esse característico bloqueio da crítica e da autocrítica, próprio dos níveis infravigílicos. Por isso, é inútil toda confrontação ou oposição direta à sugestão do núcleo de devaneio, já que este termina reforçando sua compulsão. A possibilidade de produzir uma mudança de direção em uma linha evolutiva reside em realizar modificações graduais. O núcleo pode retornar ou pode se fixar. No primeiro caso, o psiquismo volta para etapas anteriores, aumentando os desacordos entre processos e situação no meio. No segundo caso, quando o núcleo se fixa, vai desvinculando o indivíduo de seu meio, produzindo uma conduta que não se ajusta à dinâmica dos acontecimentos.

O núcleo de devaneio lança o ser humano à perseguição de miragens que, ao não se cumprirem, produzem estados dolorosos (des-ilusões), enquanto os cumprimentos parciais produzem situações prazerosas. Assim, descobrimos que na raiz do sofrimento psicológico estão os devaneios e seu núcleo. É nos grandes fracassos, ao caírem as expectativas e desvanecerem-se as miragens, que surge a possibilidade de uma nova direção de vida. Em tal situação, fica descoberto esse “nó de dor”, esse nó biográfico que a consciência sofreu durante tanto tempo.

 

Personalidade

 

Os sistemas de resposta (não há respostas isoladas) vão organizando uma personalidade mediadora com o ambiente que, para sua melhor dinâmica, articula distintos papéis como sistemas codificados de resposta.

 

A personalidade cumpre com uma função precisa, que é buscar a menor resistência no meio. Essa organização de papéis que oferecem menor dificuldade na relação ambiental vai se codificando de acordo com a aprendizagem por acerto e erro. A acumulação de condutas ordena um sistema de papéis ligados a situações, em que uns aparecem enquanto outros se ocultam. Esse caso é muito ilustrativo como sistema de adaptação. Com o tempo, vão se organizando o que poderíamos chamar de “círculos de personalidade” em distintas camadas de profundidade. Esses círculos se articulam de acordo com as indicações dos devaneios e os meios ambientais de maior frequentação. Pois bem, nesse jogo de papéis que tratam de oferecer menor resistência ao meio, estes podem se ajustar ou não a um consenso convencionalmente aceito, dando respostas típicas ou atípicas, respectivamente. As respostas típicas não são codificadas apenas pelo indivíduo, mas também por grupos sociais amplos, de tal maneira que, quando nestes grupos surge uma resposta distinta à habitual, ela pode resultar desconcertante. Isso pode ocorrer sobretudo em situações novas, para as quais não há resposta codificada. A resposta que se dá nesses casos pode resultar oportuna ou inoportuna.

 

Assim, aparecem as respostas atípicas sem coincidência com a situação, podendo-se ponderar o grau de inadequação que manifestam. As respostas típicas, embora possam ser adequadas em um meio que se mantém sem maiores mudanças, não o são em um meio mutante que, em sua dinâmica, modifica costumes, valores, etc. Em certas ocasiões, a tipicidade das respostas é um bloqueio para a adaptação à mudança. Há outras manifestações atípicas que atuam como catarse de tensões ou manifestando emoções negativas como catarse de climas. Ambas as respostas atípicas surgem por pressão dos impulsos internos, que se expressam em situações não necessariamente coincidentes. Nesse caso, as tensões e os climas operam como ruído situacional, irrompendo no meio de maneira brusca. Do ponto de vista da adaptação crescente, os tipos de conduta que interessam são aqueles que contam com numerosas opções de resposta, situação que permitirá uma economia de energia utilizável para novos passos de adaptação. Portanto, haverá respostas de adaptação crescente, mas também respostas de adaptação decrescente, e isso haverá de acontecer tanto nas respostas atípicas quanto nas típicas, com seus distintos graus de oportunidade. Assim, a conduta particular pode cumprir ou não com uma função adaptativa.

Podemos ponderar as mudanças de conduta como significativas ou circunstanciais. Uma mudança será significativa se a nova orientação tiver direção evolutiva e será circunstancial quando só houver substituição de papéis, de ideologia, ampliação dos círculos de personalidade, apogeu ou decadência de devaneios, etc. Nada deste último é indicador de uma mudança interna de importância. Há mudança significativa de conduta, do ponto de vista mais geral, quando se esgota uma instância psíquica porque os conteúdos vigentes em uma instância (com sua temática e argumentação características) vão se desgastando até se esgotar. O psiquismo se orienta, então, para uma nova instância como resposta articulada em sua relação com o mundo.

A conduta é um indicador das mudanças que interessam. Muitas decisões de mudança ou planos de mudança ficam encerrados no psiquismo e, por isso, não indicam modificação, ao passo que, quando se expressam em verdadeiras mudanças de conduta é porque ocorreu alguma modificação na estrutura consciência-mundo.

 

 

Almoço (leve)

(Tempo livre)

 

Trabalho individual (em grupos de 3 ou 4 participantes ao redor de cada mesa).

Autoconhecimento, Lição 6 (Devaneio e núcleo de devaneio), exercícios 7, 8, 9. Realiza-se cada exercício anotando as imagens que surgem e depois escreve-se um conto.

 

Exercício no 7

 

                  Coloque a um metro de distância uma vela acesa. Procure fazer com que o quarto fique iluminado somente por essa fonte de luz. "Descanse" a vista na chama da vela por uns dez minutos. Tome nota das imagens e, em seguida, escreva uma curta história baseando-se nessas imagens, que podem ou não ter relação entre si.

 

 

Exercício no 8

 

                  Funda um pedaço de chumbo e, nesse estado, lance-o rapidamente em água fria. O chumbo adquirirá, imediatamente, formas ao acaso. Coloque esse objeto em uma mesa a uns cinqüenta centímetros de distância; observe-o, passando a vista sem forças, até identificar "figuras", acerca das quais escreverá um relato, como se se tratasse de um conto.

 

Exercício no 9

 

                  Coloque pequenos pedaços de algodão sobre um pedaço de tecido preto de uns 20 cm. Observe-o calmamente até descobrir "figuras". Faça um relato escrito. Acerca de tudo aquilo que as figuras lhe sugerirem.

                  Realizados os quatro exercícios, destaque quais as imagens que se repetiram. Essas imagens repetidas serão os devaneios primários permanentes. Se não obteve repetições, deve insistir nos exercícios até que eles ocorram.

                  Os devaneios primários identificados devem ser estudadas em relação à situação atual que se está vivendo, para descobrir o que é que eles estão compensando.

                  Compare posteriormente os relatos (não as imagens repetidas). Estes poderão se diferentes, mas revelarão um clima mental comum, que por certo coincidirá com o clima mental em que você vive habitualmente, evidenciando, assim, o núcleo de devaneio.

                  A determinação do núcleo de devaneios é de grande importância, pois é ele que reflete o problema básico em que se vive.

                  O núcleo de devaneio é um clima mental básico, que origina devaneios primários compensatórios (como imagens que descarregam as maiores tensões internas e, ao mesmo tempo, orientam condutas em relação ao mundo).

 

Trabalho individual

Após a leitura da Lição 6 do Autoconhecimento, cada participante estuda o que se propõe nos três parágrafos posteriores aos exercícios.

Realizados os quatro exercícios, observe quais imagens se repetem. As imagens repetidas serão os devaneios primários permanentes. Se não obteve repetições, deve insistir nos exercícios até que estas apareçam.

Os devaneios primários que se tenha conseguido observar devem ser estudados com relação à situação atual que se está vivendo. Nesse sentido, haverá que se perguntar o que esses devaneios descobertos no rastreamento estão compensando.

Em seguida, compare os relatos (já não as imagens repetidas). Estes poderão ser diferentes, mas delatarão um clima mental comum. Esse clima comum, que cer- tamente coincidirá com o clima mental em que se vive habitualmente, revelará o núcleo de devaneio.

 

Intercâmbio e comentários em conjunto

Termina-se a leitura da Lição 6 do Autoconhecimento.

(Longo período de tempo livre)
Trabalho individual
Síntese de Autoconhecimento

Cada participante estabelece relações entre devaneios e análise de situação (tensões e climas), papéis, círculos de prestígio, imagem de si. Também entre núcleo de devaneio e autobiografia.

A síntese pode ser considerada concluída quando os descobrimentos e compre- ensões permitam definir quais mudanças de condutas e de prioridades devem ser realizadas para avançar na superação do sofrimento, em si mesmos e naqueles que os rodeiam.

 

REVISÃO e Síntese do Autoconhecimento

 

 

Organize a seguinte ficha (ver quadro)

 

 

Ficha de Autoconhecimento

 

            Situação atual.................................................................................................... (síntese)

            Papéis ...................................................................................................  (atitude básica)

            Círculos de prestígio ............................................................................. (compensações)

            Imagem de si  mesmo ...........................................................................  (compensações)

            Devaneios primários .............................................................................  (compensações)

            Núcleo de devaneio  .................................................................... (compensação básica)

            Biografia .......................................................................................................   (acidente)

            Biografia .....................................................................................................  (repetições)

            Biografia ......................................................................................  .(mudanças de etapa)

            Biografia e núcleo ........................................................................................    (relações)

 

                  Convém que as considerações escritas na ficha sejam o mais concisas e precisas possível.

                  Com a ficha convenientemente preenchida, tome item e vá comparando-o com os nove restantes. Faça as respectivas anotações em seu caderno de resultados.

                  Agora, você tem condições para tentar modificação, relativa a tendências e projetos futuros. Para compreender sinteticamente este ponto, organizaremos uma segunda ficha, que deverá ser trabalhada sempre em relação com a anterior (ver o quadro).

 

Comentários finais

Nesses três dias muito intensos, estudamos análise de situação (tensões e climas), papéis, círculos de prestígio, imagem de si, autobiografia, devaneios e nú- cleo de devaneio, ou seja, todas as ferramentas de autoconhecimento incluídas neste retiro.

 

Este estudo nos permite observar um aspecto de nossa vida fortemente condi- cionado pelos ciclos vitais, com suas instâncias fisiológicas e psicológicas, pelo ambiente em que vivíamos e vivemos e no qual nos encontramos condicionados a dar respostas. Observamos um aspecto de nossa vida que tem grande deter- minismo e mecanicidade, capaz de dar direção a etapas inteiras de nossa vida.

 

Procuramos as tendências mecânicas, encontrando muitos elementos relaciona- dos a elas.

 

Por mais fortes que possam ser esses condicionamentos, eles não determinam plenamente a direção, o sentido de nossa vida.

 

Podemos reconhecer os grandes temas que orientaram as etapas de nossa vida, os sentidos provisórios – que surgiram, chegaram a seu auge e se dissiparam – mas neste estudo não estão consideradas nossas aspirações mais profundas, não está pensado o que nos atrai para o futuro. Aparte e apesar de todo condiciona- mento do passado, não estão examinadas essas experiências não habituais que, apesar de não serem compreendidas, apesar de serem breves e frequentemente esquecidas, constituem um sinal de referência para o sentido de nossa vida.

 

Os estudos de Autoconhecimento, como o da Paisagem de formação, se realizados com calma e sinceridade interna, têm a capacidade de mostrar o estado de necessidade de uma mudança profunda. Para realizar essa mudança, temos práticas que vão desde o Relaxamento e a Psicofísica até os trabalhos de Operativa, além do grande campo de ação que é o mundo que nos rodeia, essa grande “bigorna” onde devemos forjar o aço da humanização crescente.

 

Encerramento do retiro com uma confraternização.

 

Bibliografia

Luis Ammann, Autoliberação
Silo, Obras Completas, Volumes I e II